por Matt Ball
Aqui está a pergunta fundamental:
Queremos que os animais sofram menos nas fábricas industriais?
É importante que decidamos se isto é o nosso objectivo, porque por vezes os factos indicam um percurso que não vai de acordo com as directrizes mais populares entre os defensores dos animais.
Números Absolutos
O primeiro e mais importante facto são simples números. A análise meticulosa (feita por Harish Sethu no seu blog “Counting Animals”) mostra-nos que o Americano comum é responsável pela agricultura industrial e pelo abate de cerca de duas dúzias de animais por ano. Deste número, mais de 23 são aves.

Por outras palavras, se nós convencermos uma pessoa a substituir a carne vermelha por comida livre de crueldade animal, essa pessoa apenas poupará um animal por ano das fábricas e dos matadouros industriais.

Mas se convencermos as pessoas a deixarem de comer aves, aí quase que eliminamos os apoios da agricultura industrial!
Psicologia no Mundo Real
Outra perspectiva vital foi a que fez com que Herb Simon ganhasse o seu Prémio Nobel em Economia: As pessoas não tomam decisões “perfeitas” ou ideais. Pelo contrário, quase toda a gente toma decisões económicas (por vezes até avaliadas em valor) baseadas no que é um pouco “melhor” ou “bom o suficiente.”
No que se refere à crueldade para com os animais, isto desenvolve-se de diversas maneiras. Em quase todos os sentidos, comer galinha é considerado “melhor” do que comer vacas ou porcos. Por exemplo, nós podemos verdadeiramente acreditar que uma dieta específica é melhor relativamente a termos de utilização de água. Mas o que a maior parte das pessoas vê é que agora a galinha é ainda mais barata relativamente ao preço da carne de vaca. Agora, aqueles que realmente se importam sobre a utilização da água, na sua maioria veem a galinha como sendo muito mais eficiente do que a carne de vaca.
De facto, em quase todas as medidas, a galinha é compreendida como “melhor” – em termos de impacto ambiental, em termos de aquecimento global, e em termos de comida saudável. A nossa afinidade natural pelos nossos queridos mamíferos faz com que a crueldade para com as galinhas pareça menos importante.
Dado que são precisas mais de 200 galinhas para oferecer o mesmo número de refeições que uma vaca, nós temos que evitar tudo o que possa encorajar alguém a substituir a carne vermelha por galinhas. Se até o mais simples apoio faz com que alguém escolha galinha em vez de vaca, nós estamos a arriscar criar mais sofrimento no mundo.
Para além disso, psicologia básica tem nos mostrado que um “pedido grande” tem muito menos chances de potenciar mudança comparado com um “pedido pequeno.” No final de contas, simplesmente reduzir o consumo de galinhas parece bem mais exequível, e mesmo assim terá com certeza um gigante impacto.
“Porque não a minha dieta?”
Claro que todos nós achamos que a nossa dieta, filosofia, estilo de vida, e visão do mundo são as correctas e as únicas que valem a pena promover.
Mas a nossa perfeição pessoal não importa. No passado quarto de século, eu conheci indivíduos absolutamente brilhantes, e muitos deles grandes activistas dedicados. Mas no final, apesar disso, não importa o quão inteligentes, consistentes e dedicados nós somos.
Tudo o que realmente importa são quantos animais estão a sofrer. E para reduzir essa dor, nós temos que influenciar mais e mais pessoas.
No final, não são as palavras que usamos, nem quão consistente é a mensagem que passamos. No final, o que realmente importa são quantas novas pessoas nós ajudamos a inspirar a darem um passo com impacto significativo para os animais.
Por outras palavras: Não importa o que nós queremos. Só importa aquilo que alcançamos.
E para ter o maior alcance possível, nós temos de ir até ao encontro do ponto onde as pessoas se encontram, e não repreendê-las por não estarem onde deveriam estar. Temos de entender como é que as pessoas mudam. E temos de nos certificar que a nossa mensagem vai ressoar junto destas novas pessoas como sendo convincente e atingível.
Lições do Mundo Real
Aprendemos muito nas últimas décadas.
Uma das coisas que aprendemos foi que a grande maioria das pessoas que faz mudanças significativas na sua dieta acaba por voltar a comer animais. Em suma, estamos a perder a maior parte do impacto que atingimos.
Ainda mais importante é que o número de animais que estão a ser industrializados e abatidos está a descer.
Dado que o nosso objectivo é reduzir o número de animais que sofrem e são mortos, vale a pena falar destas boas noticias.
Durante décadas, o número de animais mortos neste país disparou. As pessoas, induzidas a comer comida “saudável”, começaram a substituir a carne vermelha por galinha. Dado que são precisas 200 galinhas para substituir a carne de uma só vaca, o mudar para o “saudável” culminou no sofrimento de milhares de milhões de indivíduos mais. Dado também que as galinhas são criadas de uma forma muito mais intensiva do que o gado, a quantidade de sofrimento causado aumentou dramaticamente.
No entanto, desde 2006, o número de animais mortos nos EUA tem decrescido. Mesmo enquanto que a população americana só tem aumentado. A causa não é que um número significativo de pessoas tenha adoptado uma dieta inteiramente nova, mas sim porque houve um aumento no número de pessoas que reduziram o consumo da carne – os reducionistas.
Resumidamente
Se realmente nos importamos com animais, podemos tirar daqui duas lições:
- Que as pessoas escolham comer galinha é o maior factor de brutalidade da agricultura e dos matadouros industriais. Portanto, devemo-nos focar em reduzir o número de galinhas que cada pessoa come.
- As pessoas que reduzem a quantidade de carne que comem podem realmente reduzir o número de animais abatidos e em sofrimento. Em vez de criticarmos esta provada forma de ajudar animais, nós devíamos abraçá-la, apurá-la e expandi-la.
Se seguirmos estas guias, será possível termos um impacto muito maior no mundo.
Tradução: Tamyra Nogueira
Artigo traduzido com a permissão do autor.
Artigo original: Helping Animals: What Do the Facts Say?