Por Tobias Leenaert, autor do blog The Vegan Strategist e do livro How to Create a Vegan World: A Pragmatic Approach.
O movimento vegano pode aprender algo do “movimento” sem glúten (gluten-free) (que obviamente não é um movimento, mas falta a palavra correcta). Percebi isto quando li uma publicação de uma mulher no Facebook. Ela escrevia que o sem glúten era uma questão de vida ou de morte para ela (pois sofria de doença celíaca e podia ter graves consequências apenas com uma grama de glúten), enquanto que há um conjunto de pessoas que “finge” precisar de uma alimentação sem glúten. Isto torna difícil para ela explicar, por exemplo, a empregados de restaurantes, que necessita que eles levem a sério o seu pedido especial (talvez porque a última pessoa “sem glúten” que apareceu não se importou com um bocadinho disto ou daquilo no prato – soa familiar?). Ela escreveu que, no entanto, é graças a esses falsos intolerantes ao glúten que pode agora escolher de entre uma variedade de produtos alimentares, quer em lojas, quer em restaurantes – produtos que há um par de anos simplesmente não existiam.
Legenda | |
“Estes farsantes idiotas tornam difícil eu explicarque o sem glúten é uma questão de vida ou de morte para mim…” | “Por outro lado… agora tenho uma escolha maior de produtos…” |
Talvez consigam ver o paralelismo (que provavelmente não é 100% correcto como costuma acontecer aos paralelismos) com o nosso movimento vegano: também aqui, temos um pequeno grupo de veganos genuínos por um lado, para quem comer de forma vegana é extremamente importante, e por outro lado, um grupo muito maior de pessoas que gostam de comida vegetariana/vegana de vez em quando (em diferentes graus). Muitos dos “genuínos” queixam-se dos “ocasionais” e chamam-lhes hipócritas e falsos mas temos de ver a realidade: são um grupo muito maior do que o 1 ou 2 % de veganos, e são eles que criam a procura.
Deixem-me repetir, porque é importante: é o grande grupo das pessoas que reduz o consumo de carne que está a criar a procura por produtos vegetarianos. É nesse grupo que os produtores pensam quando criam produtos vegetarianos. A variedade maior de produtos, no entanto, facilita ser mais rigoroso, mais vegano.
Portanto em vez de chamarmos nomes aos que reduzem o consumo de carne, vamos lembrar-nos que é graças a eles que ser vegano é agora muito mais fácildo que costumava ser.
Deixo ao leitor considerar as consequências disto.
Tradução: João Madureira
Artigo traduzido com a permissão do autor.
Artigo original: http://veganstrategist.org/2015/06/03/what-vegan-can-learn-from-glutenfree/